Tarcísio favorece centrão nas emendas e desagrada bolsonaristas de SP

Tarcísio favorece centrão nas emendas e desagrada bolsonaristas de SP

Tarcísio de Freitas enfrenta tensão com bolsonaristas em São Paulo devido a emendas

Os deputados estaduais aliados de Jair Bolsonaro em São Paulo enfrentam um momento de insatisfação com o governador Tarcísio de Freitas. As queixas incluem atrasos no pagamento de emendas parlamentares, resistência do governador em sancionar projetos de interesse do grupo e dificuldades nas nomeações para cargos públicos.

Insatisfação crescente entre aliados

Nas últimas semanas, os deputados demonstraram descontentamento, ameaçando se abster de votações importantes para o governo e criticando abertamente a equipe do governador na Assembleia Legislativa. Em duas ocasiões no mês passado, projetos importantes do governo não foram votados na data desejada por falta de quórum ou devido à prolongação dos debates no plenário.

Um exemplo é o SuperAção, programa social lançado por Tarcísio, cuja votação foi adiada de 18 para 24 de junho. A votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) também sofreu atraso, sendo realizada apenas na terça-feira seguinte à data inicialmente prevista.

Distribuição de emendas gera tensão

A principal fonte de descontentamento dos bolsonaristas é a distribuição de emendas parlamentares. Embora o governo tenha distribuído R$ 349 milhões em emendas voluntárias no primeiro semestre deste ano —superando os R$ 299 milhões do mesmo período do ano passado—, os bolsonaristas não se sentem contemplados. Dos 68 deputados que receberam emendas, poucos são aliados do ex-presidente Bolsonaro.

Entre os dez deputados mais beneficiados, apenas Fabiana Bolsonaro (PL) é do grupo bolsonarista, com uma única indicação de R$ 10 milhões para Bragança Paulista. Em média, os deputados não bolsonaristas receberam R$ 5,3 milhões cada, enquanto os bolsonaristas receberam R$ 4 milhões. Gil Diniz (PL) e Paulo Mansur (PL) ainda não tiveram emendas pagas, aumentando a frustração do grupo.

Consequências políticas e críticas públicas

A votação do SuperAção coincidiu com um evento de Bolsonaro em Presidente Prudente, levando deputados a priorizarem a presença com o ex-presidente em detrimento das votações na Assembleia. A ausência resultou em falta de quórum, atrasando as atividades legislativas.

Os bolsonaristas também expressam descontentamento publicamente. Em discursos no plenário, críticas foram dirigidas à gestão de Tarcísio. Lucas Bove (PL) reclamou da demora no agendamento de reuniões com o secretário da Fazenda, enquanto Gil Diniz criticou a segurança pública após o furto das rodas de seu carro. Esses episódios refletem a insatisfação com a administração estadual.

Em nota, a Secretaria de Governo justificou os atrasos nas emendas voluntárias por questões burocráticas, afirmando que as demandas de saúde apresentadas até abril foram priorizadas. Iniciativas posteriores ou que exigem convênios estão em processamento.

Busca por soluções e desafios futuros

O líder do governo na Alesp, Gilmaci Santos (Republicanos), negou qualquer intenção de prejudicar os bolsonaristas, destacando que muitos já tiveram emendas pagas integralmente. Ele explicou que a velocidade da liberação depende do destino das emendas, com repasses para prefeituras sendo mais rápidos devido à transferência direta de fundos.

O cenário atual representa um desafio para Tarcísio de Freitas, que precisa equilibrar os interesses de diferentes grupos políticos dentro de sua base de apoio. A gestão das emendas parlamentares e a articulação política serão cruciais para o sucesso de sua administração e para manter a unidade entre os aliados.

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