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Irã e Rússia: Aliança Estratégica em Tempos de Tensão
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, anunciou no domingo, 22 de junho de 2025, que irá a Moscou para se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Este gesto diplomático ocorre em meio a uma escalada de tensões envolvendo Teerã, Israel e os Estados Unidos. A declaração de Araqchi foi feita durante uma coletiva de imprensa, após os bombardeios americanos que visaram instalações nucleares iranianas. Este ataque marcou a entrada oficial dos EUA no conflito, intensificando a crise na região.
Reação Internacional e Perspectivas de uma Nova Guerra Fria
O especialista Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade de Harvard e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisa a situação como um indício de um reposicionamento global, semelhante a uma “Segunda Guerra Fria”. Em entrevista à Globonews, Brustolin destacou que o Irã busca alinhar-se à Rússia, fornecendo drones para atacar a Ucrânia, numa tentativa de contrabalançar a relação com os Estados Unidos.
“Estamos vivenciando um evento que parece muito com uma Segunda Guerra Fria”, afirmou o especialista, ressaltando a complexidade das alianças e movimentos estratégicos no cenário internacional atual.
“Linha Vermelha foi Cruzada”, Declara Araqchi
Durante a coletiva de imprensa realizada em Istambul, Araqchi criticou duramente a ofensiva americana, afirmando que “o ataque cruzou uma linha vermelha muito grande”. Em resposta, o Irã convocou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU e pediu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condene os ataques. Araqchi também prometeu que a resposta iraniana virá “no momento certo”, destacando que “quando a agressão terminar, depois poderemos decidir sobre a diplomacia”. Questionado sobre a possibilidade de fechar o Estreito de Ormuz, uma rota estratégica para o petróleo mundial, ele afirmou que “uma variedade de opções está disponível para o Irã”.
Impasse Geopolítico e Bombardeios Americanos
Os Estados Unidos lançaram ataques a três centros nucleares no Irã no sábado, 21 de junho de 2025, nas cidades de Fordow, Natanz e Isfahan. O presidente Donald Trump declarou que os alvos foram destruídos por bombardeios de alta precisão, utilizando aviões B-2 Spirit e mísseis Tomahawk. O Irã confirmou os ataques e prometeu retaliar. Este movimento ocorreu após uma semana de intensos combates entre Israel e Irã, iniciados no dia 13, com mísseis disparados contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém. Os confrontos resultaram em mais de 240 mortes e milhares de feridos, conforme balanços oficiais.
O professor Brustolin também comentou sobre a escolha do Irã em se aproximar da Rússia, ao invés da China, com quem teve uma aproximação diplomática em 2023. “A Rússia, no entanto, está atolada na guerra na Ucrânia há mais de três anos e não tem hoje grande capacidade de projeção no Oriente Médio”, analisou. Além disso, ele lembrou que o Irã tem desrespeitado os limites do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), enriquecendo urânio acima dos níveis permitidos, conforme relatórios da ONU.
