“Massacre da ‘Revolução Esquecida’ completa 101 anos em SP”

"Massacre da 'Revolução Esquecida' completa 101 anos em SP"

Revolução de 1924: O Motim Tenentista em São Paulo e Suas Consequências

Em 2025, o massacre da Revolução de 1924 em São Paulo completa 101 anos, relembrando os eventos que marcaram a história do Brasil. O movimento, embora menos conhecido que a Revolução de 1932, deixou um impacto significativo na capital paulista e reflete as tensões políticas e sociais da época. Este artigo revisita os principais fatos e personagens envolvidos no levante tenentista que abalou São Paulo em julho de 1924.

Origem e Motivação do Movimento Tenentista

A Revolução de 1924, também conhecida como a “Revolução Esquecida”, teve suas raízes no descontentamento com a política “café com leite”, que promovia a alternância de poder entre paulistas e mineiros. Os tenentes do Exército, liderados por figuras como o capitão Joaquim Távora e o tenente Juarez Távora, buscavam reformas profundas nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do estabelecimento do voto secreto e do ensino público. O movimento visava também a neutralização da influência da Igreja no Estado.

O levante foi planejado como uma continuidade do Levante do Forte de Copacabana, ocorrido em 1922 no Rio de Janeiro, quando militares tentaram derrubar o governo de Artur Bernardes. Após a repressão do movimento carioca, os sobreviventes buscaram refúgio em São Paulo, atraídos pela força econômica e militar do estado.

O Levante e Seus Desdobramentos

No dia 5 de julho de 1924, São Paulo acordou com o estrondo dos canhões. Os tenentes, junto com a Força Pública, tomaram quartéis e iniciaram o motim. A cidade, com cerca de 700 mil habitantes, viu-se no meio de um conflito armado que forçou a fuga de muitos para cidades vizinhas. O governador Carlos de Campos, sob ameaça, retirou-se para a região da Penha, protegido pelo Exército.

A resistência legalista, no entanto, rapidamente se organizou. Com 12 mil homens, o governo conseguiu bloquear os rebeldes no centro da cidade, utilizando táticas de bombardeio semelhantes às da Primeira Guerra Mundial. Durante três semanas de intensos combates, morreram mais de mil civis, e a infraestrutura urbana sofreu danos significativos.

Percebendo a impossibilidade de vitória e para evitar mais mortes, os tenentes decidiram se retirar no 23º dia de conflito. A retirada marcou o início da Coluna Miguel Costa, que tentou se unir a forças rebeldes em outras regiões, mas encontrou dificuldades em expandir a luta armada.

Comparações e Legado

Apesar do impacto imediato, a Revolução de 1924 é frequentemente ofuscada pela Revolução Constitucionalista de 1932. Enquanto a primeira foi um movimento estritamente militar, sem apoio civil significativo, a de 1932 envolveu amplos setores da sociedade paulista, incluindo a elite cafeeira, estudantes e imigrantes, em defesa da democracia e contra o governo de Getúlio Vargas.

A campanha “Ouro para o Bem de São Paulo” exemplificou o apoio popular à causa de 1932, mobilizando recursos financeiros e voluntários civis. A imprensa e o rádio, já bem estabelecidos, serviram como veículos de propaganda, ampliando o alcance e o impacto do movimento.

A Revolução de 1924, embora menos celebrada, teve um papel crucial na história política brasileira, expondo as fragilidades da República Velha e influenciando movimentos posteriores. A falta de uma liderança unificada e de um projeto político claro limitou seu sucesso e sua memória coletiva.

Conclusão

A Revolução de 1924, apesar de ser um capítulo menos conhecido da história brasileira, oferece importantes lições sobre o contexto político e social da época. O levante dos tenentes destacou a insatisfação com a política vigente e plantou sementes para futuras reformas. O estudo desses eventos contribui para uma compreensão mais ampla dos desafios enfrentados pelo Brasil em sua busca por democracia e justiça social.

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