Desigualdade se combate na sala de aula, não com impostos

Desigualdade se combate na sala de aula, não com impostos

Combate à Desigualdade: Educação como Ferramenta Transformadora no Brasil

O recente debate sobre o aumento do IOF, apresentado pelo governo como uma medida para combater a desigualdade, trouxe à tona a necessidade de se discutir políticas públicas de impacto real. Enquanto a proposta foi rejeitada rapidamente pelo Congresso, o foco deve se voltar para soluções efetivas, como o investimento em educação, que tem o potencial de transformar trajetórias e reduzir desigualdades de forma significativa.

O Impasse do IOF e a Reação do Congresso

O governo tentou justificar o aumento do IOF como uma medida de justiça social, associando-o à taxação de “bilionários, bancos e apostas”. No entanto, o Congresso Nacional, demonstrando uma incomum celeridade, derrubou o decreto, evidenciando que a medida tinha mais apelo político do que impacto econômico real. Essa situação levanta a questão de por que priorizar gestos simbólicos em vez de políticas que possam verdadeiramente alterar a realidade socioeconômica.

Investimento em Educação e Resultados Insuficientes

Apesar de o Brasil investir cerca de 6% do PIB em educação pública, superando muitos países da OCDE, os resultados ainda são decepcionantes. No Pisa 2022, o Brasil ficou em posições desconfortáveis: 65º em leitura, 66º em matemática e 52º em ciências entre 80 países avaliados. Essa discrepância entre investimento e desempenho educacional mostra que não se trata apenas de quanto se gasta, mas de como e onde o investimento é feito.

A Educação como Alavanca para o Progresso

Estudos, como o do economista Amory Gethin, demonstram que a expansão educacional pode ser responsável por até 60% do crescimento da renda dos 20% mais pobres no mundo. No Brasil, onde as desigualdades são profundas, a educação se apresenta como o único ativo que não requer herança ou redes de apoio para proporcionar mobilidade social. No entanto, a qualidade do ensino oferecido ainda é desigual, com escolas que carecem de infraestrutura, professores qualificados e gestores capacitados.

Exemplos de Sucesso e Desafios Persistentes

Iniciativas bem-sucedidas, como as adotadas no Ceará, mostram que é possível melhorar a educação com políticas bem estruturadas. A combinação de avaliação externa, apoio técnico e incentivos financeiros colocou escolas de pequenos municípios entre as melhores do país. Programas focados em leitura e matemática nos primeiros anos do ensino fundamental, a exemplo de Sobral, geraram melhorias sustentáveis mesmo com recursos limitados. Esses casos evidenciam que é necessário redirecionar o investimento público para áreas que realmente necessitam, ao invés de concentrá-lo onde é mais fácil aplicar.

Reflexão Final: Educação como Prioridade

Para um Brasil menos desigual, é essencial que a educação seja tratada como prioridade. Isso implica em decisões difíceis, como estabelecer gestão profissional, definir metas claras e vincular o financiamento a resultados concretos. A educação deve ser vista como a principal ferramenta para romper o ciclo da pobreza, oferecendo a todos a possibilidade de um futuro melhor. Medidas simbólicas, como o aumento do IOF, não substituem a necessidade urgente de um sistema educacional eficaz que prepare os jovens para enfrentar os desafios do mundo moderno.

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