Conflito Político em Alagoas Afeta Futuro de Lira e Nomeação ao STJ
O cenário político em Alagoas se intensifica com a disputa por uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), colocando em risco as pretensões eleitorais de Arthur Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados. A indicação da procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra tem sido um ponto de tensão entre os grupos políticos locais e o governo federal, afetando diretamente os planos eleitorais para 2026.
Lira e a Disputa pelo Senado
Arthur Lira, até recentemente uma das figuras mais influentes da política nacional, enfrenta um cenário complexo em Alagoas. Seu objetivo é disputar uma das vagas ao Senado, mas a política no Nordeste requer alianças estratégicas para garantir sucesso. Tradicionalmente, candidatos favoritos contam com o apoio de clãs locais e prefeitos, que são fundamentais como cabos eleitorais. O plano de Lira era uma disputa direta com Renan Calheiros, seu adversário político, o que facilitaria a vitória de ambos.
No entanto, a recente aproximação entre o clã Calheiros e o prefeito de Maceió, JHC, ameaça essa configuração. A possibilidade de JHC deixar o PL para se candidatar ao Senado, em parceria com Renan, cria obstáculos para Lira. Essa nova aliança ainda poderia incluir Renan Filho como candidato ao governo estadual, complicando ainda mais o cenário para Lira.
Indicação ao STJ: Um Jogo de Poder
A nomeação de Maria Marluce Caldas Bezerra ao STJ está no centro dessa disputa política. Marluce, que é tia de JHC, tem o apoio do prefeito para sua indicação ao tribunal. Políticos alagoanos afirmam que JHC teria se comprometido a apoiar Renan Filho na corrida estadual caso Lula confirme a nomeação de Marluce, o que abriria caminho para um forte palanque petista em Alagoas em 2026.
Adversários de Lira o acusam de atrasar essa nomeação para garantir acordos políticos favoráveis. Lira, por sua vez, nega qualquer oposição à nomeação de Marluce e critica o que chama de narrativa falaciosa para enfraquecê-lo politicamente. A situação se complica com a pressão do clã Calheiros, que tem laços históricos com Lula, e a possível saída de JHC do PL, partido que apoiou Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Conversas no Palácio da Alvorada
No dia 14 de dezembro, Lira se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada para discutir, entre outros temas, a crise do IOF e a retenção de emendas parlamentares. Entretanto, a nomeação ao STJ também foi abordada. Adversários de Lira afirmam que ele pediu a Lula para adiar a decisão sobre a vaga até que um acordo político em Alagoas seja alcançado. Aliados de Lira, no entanto, dizem que a reunião foi convocada para tratar de assuntos diversos e que a questão do STJ foi levantada por Rui Costa, ministro da Casa Civil.
Além de Marluce, a lista tríplice para a vaga no STJ inclui Sammy Barbosa Lopes, do Ministério Público do Acre, e Carlos Frederico Santos, do Ministério Público Federal. Rui Costa teria garantido que a decisão de Lula não será influenciada pelo cenário político local, e que qualquer decisão será discutida detalhadamente com Lira.
Apesar das tensões, Lira mantém sua intenção de concorrer ao Senado, independentemente das alianças políticas em Alagoas. Seu plano inclui ainda lançar um de seus filhos como candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados, reforçando sua influência política no estado.
A disputa política em Alagoas continua a evoluir, com implicações significativas para o futuro político de Arthur Lira e para a composição do STJ. Com as negociações políticas em andamento e a complexidade dos interesses envolvidos, o desfecho deste cenário ainda está em aberto.