Manifestação na Avenida Paulista: Pressão Bolsonarista Contra o STF
Na tarde de domingo, 29 de junho, a Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco de uma manifestação organizada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente do Brasil. O evento teve como objetivo pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) em meio ao avanço do julgamento relacionado à trama golpista. Apesar do pedido de indulto ou anistia por parte do núcleo mais próximo de Bolsonaro, o ato foi divulgado sob o mote “Justiça Já”, sem especificar reivindicações claras no palanque em frente ao MASP.
Repercussão e Participação Política
A manifestação contou com a participação de aproximadamente 12,4 mil pessoas, segundo levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common. O evento anterior, realizado em abril, reuniu 44,9 mil pessoas na mesma avenida. O pastor Silas Malafaia foi o responsável pela organização, e o movimento teve início pouco antes das 14h, quando Bolsonaro subiu ao trio elétrico.
Entre os presentes, destacaram-se quatro governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC). Tarcísio e Zema são vistos como potenciais candidatos à Presidência nas próximas eleições, embora o governador de São Paulo tenha negado publicamente tal intenção, afirmando que busca a reeleição estadual.
Discursos e Críticas ao STF
Os discursos durante o ato foram marcados por críticas às penas impostas aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes. O ex-presidente, em ocasiões anteriores, classificou como “malucos” aqueles que pediam intervenção militar após sua derrota eleitoral em 2022.
Senadores e deputados do Partido Liberal (PL) marcaram presença, incluindo Flávio Bolsonaro, que destacou o indulto como uma condição para o apoio de seu pai nas eleições de 2026. Em entrevista recente, Flávio declarou que o candidato apoiado deve lutar contra o STF, se necessário, até com “uso da força”. O senador Magno Malta, em resposta, afirmou que a força a ser utilizada é o voto.
Tensões e Perspectivas Futuras
O deputado federal Gustavo Gayer acusou o STF de perseguição ao bolsonarismo, utilizando áudios dos ministros como evidência. A ministra Carmen Lúcia, do STF, também foi alvo de críticas após sua declaração sobre a responsabilidade das plataformas digitais.
As falas de Bolsonaro e seus aliados refletiram uma tentativa de mobilização eleitoral para 2026, destacando críticas ao governo Lula e defendendo o retorno de medidas adotadas durante seu mandato. Bolsonaro, em seu discurso, mencionou a possibilidade de não voltar à Presidência, mas enfatizou a importância de eleger uma maioria de deputados e senadores alinhados com suas ideias.
Reflexões e Conclusões
O ato encerrou-se por volta das 16h, em um contexto de crescente tensão política no Brasil. O julgamento do núcleo principal da trama golpista avança, com o Supremo Tribunal Federal se preparando para um desfecho em breve. Caso condenado, Bolsonaro pode enfrentar uma pena de até 40 anos de prisão. A expectativa é que o julgamento ocorra no início de setembro.
O cenário político brasileiro permanece instável, com Bolsonaro inelegível até 2030, enquanto seus apoiadores continuam a pressionar por mudanças e anistias. O resultado desse embate jurídico e político terá profundas implicações para o futuro do país.