Justiça ordena suspensão de decreto de Tarcísio que penaliza professores por faltas

Justiça ordena suspensão de decreto de Tarcísio que penaliza professores por faltas

Justiça Suspende Decreto de Tarcísio sobre Penalidades a Professores por Faltas

A Justiça de São Paulo ordenou a suspensão do decreto do governador Tarcísio de Freitas que estabelecia penalidades para professores da rede estadual por faltas injustificadas. A decisão, assinada pela juíza Patrícia Persicano Pires, da 16ª Vara da Fazenda Pública, atende a uma ação movida por deputados do PSOL, que questionavam a legalidade das novas regras.

Decisão Judicial e Impacto no Decreto

Na última sexta-feira (4), a juíza Patrícia Persicano Pires concedeu uma liminar em resposta à ação movida pelos deputados estaduais Carlos Giannazi e Luciene Cavalcante, ambos do PSOL. O decreto, publicado em 28 de junho, previa a demissão de educadores com contrato temporário que acumulassem mais de 5% de faltas injustificadas em relação à carga horária mensal. Para professores efetivos do PEI (Programa de Ensino Integral), a medida significaria a perda do direito de integrar o programa no ano seguinte.

Com a decisão, a Secretaria de Educação (Seduc) deve notificar os diretores de ensino para que suspendam a aplicação das sanções até o julgamento final da ação popular. A magistrada destacou que a resolução contraria leis existentes, como o estatuto do servidor público e o magistério, além de um decreto governamental de 2009 que regulamenta o regime de contratação temporária.

Riscos e Consequências para os Professores

A juíza Patrícia enfatizou que o novo decreto traz riscos significativos aos direitos dos servidores. “As consequências são irreversíveis, envolvendo a extinção de contratos de trabalho, a vedação de retorno no período letivo vigente e a inabilitação para programas educacionais específicos”, afirmou. Ela também destacou que a suspensão da norma não compromete o interesse público, pois existem instrumentos legais adequados para o controle de frequência e aplicação de sanções administrativas.

O Ministério Público, ao manifestar-se na ação, corroborou essa visão, indicando que a resolução colocaria milhares de professores — tanto temporários quanto efetivos do Programa de Ensino Integral — em situação de dano irreversível.

Reações e Justificativas

A deputada Luciene Cavalcante avaliou a decisão judicial como um reconhecimento da “ilegalidade” da resolução imposta sem discussão ou respeito às legislações vigentes, segundo ela. A gestão Tarcísio justificou a resolução alegando que 14% da carga total de aula não foi ministrada devido à ausência dos professores, sendo que 34% dessas faltas não foram justificadas com atestado.

Entre os mais de 200 mil professores da rede estadual, 52,6% possuem contratos temporários, o que torna a questão ainda mais sensível, dado o impacto potencial sobre uma significativa parcela do corpo docente.

Conclusão

A suspensão do decreto pela Justiça representa um importante ponto de debate sobre a gestão educacional no estado de São Paulo. Com uma decisão que visa proteger os direitos dos servidores, o impasse entre a administração estadual e os profissionais da educação continua. O caso revela a complexidade de se equilibrar a necessidade de controle administrativo com a proteção dos direitos laborais, destacando a importância de um diálogo aberto e transparente entre governo e educadores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *