Lira afirma que STF não possui legitimidade para decidir sobre orçamento

Lira afirma que STF não possui legitimidade para decidir sobre orçamento

Arthur Lira questiona legitimidade do STF em decisões orçamentárias

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) expressou dúvidas sobre a capacidade e legitimidade do Supremo Tribunal Federal (STF) em decidir sobre questões orçamentárias. A declaração foi feita durante sua participação no painel “controle de constitucionalidade e separação de Poderes” no Fórum de Lisboa, popularmente chamado de “Gilmarpalooza”, na última quinta-feira (3).

Tensão política entre os Poderes

Arthur Lira destacou que o Brasil enfrenta uma “tensão como poucas vezes se viu na nossa história”, sinalizando um “desafio da legitimidade democrática” em relação à atuação do Judiciário nas questões de orçamento. A fala do deputado ocorre em um momento delicado, em que o governo do presidente Lula (PT) busca no STF a reativação de um decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi derrubado pelo Congresso. Além disso, há um clima de tensão entre o Legislativo e a Corte em razão de decisões relacionadas a emendas parlamentares.

Em sua análise, Lira argumentou que os juízes, que não passam pelo crivo das urnas a cada quatro anos, não possuem o mandato popular necessário para tomar decisões sobre alocações de recursos. Para ele, “quando o Poder Judiciário passa a determinar e acompanhar a execução orçamentária de políticas públicas, inevitavelmente adentra nos domínios reservados ao Executivo e ao Legislativo”, ressaltou o deputado.

Capacidade técnica do Judiciário

O deputado federal levantou dúvidas sobre a capacidade técnica do Judiciário em atuar em matérias orçamentárias, enfatizando a necessidade de distinguir o que é de interesse da população. “Nosso orçamento não cabe tudo e cabe a quem foi eleito distinguir, escolher. Porque, se escolher errado, a população o afasta, tira das urnas”, afirmou Lira, questionando como proceder quando o STF prioriza temas que não passaram pelo processo eleitoral.

Lira relembrou o período em que presidiu a Câmara dos Deputados, mencionando a tramitação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para barrar decisões monocráticas do Judiciário. No entanto, segundo ele, a proposta não avançou devido à polarização do debate na época, que não contribuiu de maneira construtiva.

Necessidade de reforma política e diálogo

Apesar das críticas, Arthur Lira reconheceu a necessidade de uma “reforma política ampla” no Congresso. Ele defendeu que o diálogo entre os três Poderes é essencial para resolver questões estruturais. Para o deputado, “a solução para todas essas discussões de ações estruturais tem que passar por diálogos prévios de muita discussão para que, quando colocadas em prática, tenham o aplauso e o reconhecimento de todos”.

Com suas declarações, Lira reafirma a importância de se manter uma divisão clara de competências entre os Poderes e a necessidade de respeito ao processo democrático, onde as decisões orçamentárias devem ser refletidas pela vontade popular expressa nas urnas.

O debate sobre a legitimidade e a atuação do STF nas questões orçamentárias continua a ser um ponto sensível na política brasileira, exigindo um equilíbrio entre a interpretação constitucional e o respeito pela soberania do voto popular.

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