Guilherme Boulos Critica Centrão em Campanha Contra Cortes no IOF
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado para a Secretaria-Geral da Presidência no governo Lula, tem intensificado suas críticas ao centrão nas redes sociais. A ofensiva ocorre após a derrubada pelo Congresso do decreto que afetava o Imposto sobre Operação Financeira (IOF). Boulos acusa uma aliança entre o centrão e a direita de prejudicar a população pobre para abrir caminho para um candidato de direita em 2026.
Ataques nas Redes Sociais
Guilherme Boulos tem utilizado suas redes sociais para criticar a postura do Congresso na recente votação que anulou o decreto do governo Lula sobre o IOF. Segundo Boulos, o governo foi derrotado na votação porque resistiu às pressões para cortar gastos com a população mais vulnerável. Em suas postagens, Boulos argumenta que há um “lobby dos bilionários” atuando para que as elites não paguem impostos, enquanto a população arca com os custos.
Em um levantamento das últimas postagens de Boulos no Instagram, 10 de 21 foram dedicadas a criticar o centrão e a direita no Congresso. Outras quatro postagens abordaram a luta do governo por justiça tributária, um tema mobilizado por governistas após a derrota no Congresso.
Repercussões no Cenário Político
A postura de Boulos destaca-se em relação a outras figuras do governo e aliados, que têm adotado uma abordagem mais moderada. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), têm mantido um tom mais leve em suas críticas. A ministra Gleisi Hoffmann, responsável pelas relações institucionais, defendeu publicamente o presidente da Câmara, Hugo Motta, contra ataques pessoais nas redes.
Boulos, por sua vez, sustenta que suas críticas fazem parte do jogo democrático e que a direita deve aprender a lidar com críticas. Em resposta à Folha, o deputado afirmou que nenhum colega manifestou incômodo com suas postagens.
Estratégia de Comunicação Governista
Após a derrota no Congresso sobre o IOF, o governo intensificou sua ofensiva nas redes sociais, promovendo a narrativa de que o Congresso estaria protegendo privilégios ao derrubar as alíquotas do IOF. Vídeos produzidos com inteligência artificial ilustram trabalhadores arcando com a maior parte da carga tributária, enquanto as elites viveriam sem pagar impostos.
O governo busca promover a justiça tributária ao focar nos “BBB”: bancos, bets e bilionários. O próprio presidente Lula mencionou a resistência enfrentada ao tentar aumentar impostos sobre os mais ricos.
Desdobramentos Jurídicos e Políticos
A ofensiva midiática gerou desconforto entre congressistas, com Hugo Motta acusando o governo de fomentar a polarização social. Em meio às tensões, o governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal para derrubar o decreto legislativo sobre o IOF, argumentando que houve interferência indevida do Congresso sobre as prerrogativas do Executivo.
O ministro Gilmar Mendes, do STF, expressou a necessidade de uma solução conciliatória para a crise, destacando que a questão do IOF é apenas um sintoma de problemas maiores, como a falta de diálogo e coordenação entre os poderes.
Conclusão
As críticas de Guilherme Boulos ao centrão refletem uma estratégia mais agressiva de comunicação por parte do governo e seus aliados, em resposta à derrota no Congresso sobre o IOF. Enquanto o governo busca reposicionar sua narrativa em defesa da justiça tributária, o cenário político permanece tenso, com desdobramentos ainda em curso no âmbito jurídico e político. A mobilização nas redes sociais continua sendo uma ferramenta crucial para moldar a opinião pública e influenciar o debate político no país.