Ex-assessor da Fazenda afirma que Plano Safra não acompanha expansão do agro

Ex-assessor da Fazenda afirma que Plano Safra não acompanha expansão do agro

Plano Safra: Desafios e Perspectivas no Crescimento do Agro Brasileiro

O Plano Safra, principal mecanismo de financiamento do agronegócio no Brasil, enfrenta desafios significativos para acompanhar a crescente demanda do setor. Rogério Boueri, ex-assessor especial de assuntos econômicos do Ministério da Economia, destaca a necessidade de ajustes para que o plano continue relevante no contexto atual. Esta análise surge no mesmo momento em que o presidente Lula anuncia um novo pacote de financiamento para o biênio 2025-2026.

O Plano Safra Atual e Seus Desafios

Nesta semana, o presidente Lula (PT) apresentou o novo Plano Safra, que destina R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 89 bilhões para a agricultura familiar. Apesar do montante significativo, Boueri afirma que o plano não é suficiente para atender às necessidades do setor, especialmente no que diz respeito à pecuária brasileira em expansão.

Segundo Boueri, o governo atual não comete “erros crassos”, mas enfrenta obstáculos que comprometem o crescimento do Plano Safra. Os juros altos, atualmente em 15%, são um dos principais fatores que dificultam a oferta de créditos mais atrativos. Além disso, o contexto de aperto nas contas públicas limita ainda mais os recursos disponíveis para o financiamento.

Impactos das Condições Climáticas e Econômicas

Além dos desafios financeiros, os eventos climáticos extremos têm imposto dificuldades adicionais aos produtores rurais. As intempéries forçam renegociações de financiamentos, gerando custos extras para a União e impactando diretamente a eficácia do Plano Safra. Boueri descreve a situação como uma “tempestade perfeita” que comprime as possibilidades do plano: a alta taxa Selic, os recursos orçamentários restritos e as renegociações climáticas formam um cenário desafiador.

Apesar dessas dificuldades, Boueri reconhece que o Plano Safra ainda oferece taxas de juros mais baixas que o mercado, mantendo-se atrativo para muitos produtores. No entanto, ele alerta que essa vantagem tende a diminuir com o tempo, abrindo espaço para programas de financiamento baseados em capital privado.

A Expansão do Fiagro e o Futuro do Financiamento no Agro

Com a diminuição do protagonismo do Plano Safra, Boueri aponta para o crescimento de alternativas como o Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais). Esse mecanismo, baseado em capital privado, tem ganhado destaque como uma opção viável para suprir a lacuna deixada pelo financiamento público.

O mercado de capitais brasileiro, atualmente com apenas 7% a 8% voltado para o agronegócio, oferece um potencial significativo para expansão. Considerando que o agronegócio representa quase 30% da economia brasileira, Boueri acredita que esse descompasso será corrigido à medida que o Fiagro e outros programas semelhantes se desenvolvem.

Ele enfatiza que a adaptação e inovação no financiamento são cruciais para acompanhar o crescimento do setor, garantindo que o agronegócio continue a ser uma força motriz na economia nacional.

Considerações Finais

O Plano Safra enfrenta um período de transição, desafiado por condições econômicas e climáticas adversas. Embora ainda desempenhe um papel importante no financiamento do agronegócio brasileiro, sua capacidade de atender plenamente às demandas do setor está em questão. A busca por soluções inovadoras, como o fortalecimento de programas de financiamento privado, pode ser a chave para garantir a sustentabilidade e o crescimento contínuo do agro no Brasil. Boueri destaca que é essencial que o Brasil se adapte a esses desafios para manter a competitividade e o dinamismo do setor no cenário global.

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